Debate sobre Ferrovia da Integração é realizado em Pinhalzinho

O coordenar da Frente Parlamentar Catarinense das Ferrovias, deputado estadual Dirceu Dresch (PT), e o coordenador da Frente Parlamentar Nacional das Ferrovias, deputado federal Pedro Uczai (PT) estiveram, nesta quinta-feira (18), participando de audiências públicas em Pinhalzinho e São Miguel do Oeste para discutir a construção e o traçado da Ferrovia da Integração (Itajaí/Extremo-Oeste). A audiência em Pinhalzinho iniciou às 9 horas, na Câmara de Vereadores de Pinhalzinho. No período da tarde, o evento aconteceu no auditório da Associação Comercial e Industrial de São Miguel do Oeste.

Para o presidente da Cooperitaipu, Arno Pandolfo, as ferrovias são essenciais para o oeste catarinense. "Temos uma grande demanda de grãos no oeste, além do grande deslocamento de produtos derivados de aves, suínos e bovinos para o litoral", frisou Pandolfo, que agradeceu o Deputado Federal Pedro Uczai pela iniciativa em promover o fórum em Pinhalzinho.

Para a Deputada Estadual Luciane Carminatti, a ferrovia traz uma grande possibilidade de maior renda e ampliação das políticas públicas. "A ferrovia servirá para ligar o interior do Estado com o Litoral", resumiu.
O Deputado Estadual Mauro de Nadal, por sua vez, exaltou a luta de todos os deputados, federais e estaduais, para a conquista da ferrovia. "O Deputado Federal Pedro Uczai é um expoente nacional na luta pelo modelo ferroviário", disse.

O vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Valdemar Schmitz, argumentou que "se quisermos um oeste competitivo, temos que repensar algumas coisas, como uma infraestrutura que dê condições de competitividade".

Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Pinhalzinho (ACIP), os municípios envolvidos no projeto devem afastar vaidades pessoais, para trabalharem em conjunto. "Já está clara a importância da ferrovia", sintetizou.

O prefeito de Saudades, Daniel Kothe, que também esteve participando do fórum, destacou a importância logística que as ferrovias irão trazer para a região, beneficiando os municípios e também o Estado, conjuntamente. "A questão das ferrovias é estratégica para o desenvolvimento como um todo, desde o escoamento da produção até o abastecimento da nossa região com matérias primas", aduziu.

Daniel aproveitou para destacar a importância do trabalho, em especial dos deputados Pedro e Dirceu. "As ferrovias, para a nossa região, trarão desenvolvimento para todos os setores, seja indústria e comércio, como também para a agricultura familiar e outras atividades agropecuárias", completou.

O traçado da ferrovia será decidido no projeto técnico, que pode passar pelo Vale do Itajaí ou por Mafra. "Nós defendemos que o traçado seja estendido até Dionísio Cerqueira, fronteira com a Argentina, para que no futuro este seja o primeiro corredor ferroviário bioceânico, interligando os portos catarinenses ao porto de Antofagasta, no Chile. Já estivemos na Argentina fazendo esse debate com autoridades políticas do país. A ligação do Atlântico com o Pacífico por ferrovia reduziria o tempo das exportações para o Oriente", argumenta Dresch.

Ao todo, são mais de 622 quilômetros de estrada de ferro, ligando o Extremo Oeste de Santa Catarina ao Complexo Portuário do Rio Itajaí-Açu, em um investimento de mais de R$ 41 milhões.
O projeto levou o nome de Ferrovia do Frango pois o principal objetivo é escoar a produção avícola pelos portos. Em Santa Catarina, o projeto é chamado de Ferrovia da Integração, pois será uma ligação direta entre os extremos Leste e Oeste. O traçado previsto pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes) parte de Itajaí, passa por todo o Vale e cortará cidades do Meio Oeste como Ponte Alta e Herval D'Oeste antes de chegar a Chapecó, com o foco no transporte de mercadorias.

Ainda em 2010, a Frente Parlamentar Catarinense das Ferrovias conseguiu incluir na proposta, a ligação de Chapecó com a cidade de Dionísio Cerqueira, na fronteira do Brasil com a Argentina. A mudança tem a intenção de deixar o projeto ainda mais audacioso: fazer a ligação férrea entre dois oceanos, já que a Argentina possui um projeto de ligação ferroviária com a cidade de Antofagasta, principal porto do Chile.
O Governo Federal, por meio do PAC 2, começou a tirar do papel, os projetos ferroviários, que ficaram no segundo plano nas últimas quatro décadas. No entanto, Santa Catarina recebeu outras prioridades: a Ferrovia Norte-Sul, que possui trajeto semelhante a BR-116, e melhorias na estrada Mafra-São Francisco do Sul.

Dnit garante obra
O diretor de Infraestrutura Ferroviária do Dnit, Mário Dirani garante que a Ferrovia do Frango continua nos planos do governo. Ele revela que um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (Evtea) para uma ferrovia na região foi feito em 1999, pefazendo os 622 quilômetros de Itajaí a Chapecó. A intenção do Dnit agora, é atualizar este estudo, já prevendo a extensão até Dionísio Cerqueira.


O projeto de viabilidade técnica para a construção da Ferrovia da Integração será contratado até junho deste ano pela Valec Engenharia, Construções e Ferrovias. Já foi definido que a obra será executada pelo 10º Batalhão de Engenharia de Construções do Exército Brasileiro, sediado em Lages. Dresch esteve na última semana em Brasília, onde discutindo a questão com o presidente da Empresa Estatal de Planejamento Logístico (EPL), Bernardo Figueiredo.