Veículos de comunicação repercutem envolvimento de Saudades com a equipe da Chapecoense

Passada mais de uma semana do terrível acidente que vitimou a equipe da Chapecoense, dirigentes e jornalistas na Colômbia, a região oeste de Santa Catarina, assim como o restante do Estado, Brasil e Mundo, continuam consternados com o ocorrido.

O município de Saudades tem um motivo a mais para isso: é no Vale da Hospitalidade que nasce a camisa da equipe da Chapecoense.

A imprensa mundial repercutiu, dentre tantos outros fatos que envolveram o Índio do Oeste, nestes últimos dias, também a importância da empresa Dass para toda a região e, em especial, para a equipe da Chapecoense, pois tem um ligação direta com esta. Confira na matéria de Cássio Filter:

 

A fábrica de Saudades

É na pacata cidade chamada Saudades onde nasce a camisa da Chapecoense

 

Desde a madrugada da última terça-feira, é a saudade que move Chapecó, a principal cidade do Oeste de Santa Catarina. As ruas pulsam um sentimento de ausência, que se traduz em lágrimas, abraços e silêncios contemplativos. E a única coisa que parece ser capaz de amenizar o sofrimento da população órfã do time é a camisa esmeralda do clube. Para onde quer que se olhe, há alguém de verde e branco buscando na vestimenta uma espécie de proteção à tristeza. E se é de saudade que Chapecó viverá os próximos meses, a palavra ganha uma conotação de redenção a 70 quilômetros daqui, da cidade mais triste do mundo.

Como se o nome condicionasse seu destino, é na pacata Saudades onde nasce a veste esverdeada que alcançou status sacro em todos os cantos do planeta. A cidade de 10 mil habitantes, colonizada por descendentes de alemães, abriga uma fábrica do Grupo Dass, com matriz em Ivoti (RS) e unidades espalhadas pelo Brasil, Argentina, Paraguai, Chile e Peru. Entre os principais ativos da companhia estão as licenças de comercialização para a América Latina da marca Fila e a produção e venda da marca Umbro para o Brasil e a Argentina. E é nessa última condição que se encaixa a Chapecoense.

A relação com o clube é antiga e de afeto, até mesmo pela proximidade geográfica. Os mais de 15 anos de relação fizeram com que muitos contratos e acertos fossem feitos após partidas de futebol entre os integrantes da diretoria da Chape e os representantes da empresa. “Até com o Caio Júnior jogamos bola”, narra o gerente de sports marketing do Grupo Dass, Eduardo Dal Pogetto, atingido em cheio pela tragédia. “Muitas pessoas do nosso relacionamento direto, com quem eu conversava dentro da Chapecoense, faleceram. Meus vínculos maiores eram com o Mauro Stumpf, vice-presidente de futebol, e o presidente do clube, Sandro Pallaoro.” Sobre ele, Pogetto lembra o lado torcedor até nas negociações. “Ele era muito Chapecoense. Defendia o clube como podia”, enfatiza. 

Desde terça-feira, a saudade de Saudades é a mesma de Chapecó. Na fábrica onde trabalham 500 pessoas, produzir o uniforme da Chapecoense traz uma sensação de pertencimento. “O time não é só de Chapecó. É de toda a região. Todo mundo ia aos jogos. É uma coisa que não dá pra acreditar”, relata o gerente industrial, André Schwerz, de 44 anos, há 15 dentro do nascedouro de camisas da Chape e que já chegou a atuar de meio-campo nos amistosos da empresa com a cúpula do clube. Segundo ele, o comportamento dos atletas cativava a todos. “Eles eram heróis tocáveis. Não se comportavam como ídolos. E isso fez toda a diferença na admiração que foi criada em torno deles.”

Todos querem

Desde terça-feira, a empresa recebe pedidos de várias partes do mundo. A capacidade de produção, contudo, é limitada. A empresa emitiu uma nota oficial comunicando a criação de uma força-tarefa com fornecedores para atender à demanda. A venda de camisetas é considerada estratégica para ajudar a Chapecoense a se reestruturar financeiramente.

 

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