Produtores saudadenses conhecem sistemas de confinamento para bovinocultura leiteira

Na última semana, uma comitiva do município de Saudades, composta por 14 pessoas, entre técnicos e produtores, esteve visitando nos municípios de São João do Oeste e São Miguel do Oeste, duas técnicas diferentes na produção leiteira.

Em São João do Oeste, o sistema visitado foi o Compost Barn e em São Miguel do Oeste, o sistema Free Stall. De acordo com o Secretário de Agricultura do município, Jacinto Kreutz, o Compost Barn é um sistema que utiliza, basicamente, uma cama de serragem para acomodar os animais.

“Os animais permanecem neste local 24 horas, mas eles têm a liberdade de ficar circulando, entre esta cama que serve como um colchão e a área de alimentação. É um modelo de produção norte-americano”, destaca Jacinto.

De acordo com o Secretário, um dos pontos que mais chama a atenção é a questão do conforto dos animais. “Pudemos observar que as vacas estava extremamente calmas, limpas, o que possibilita uma ordenha com mais higiene”, frisa.

Outra vantagem, conforme destaca o Técnico em Agropecuária Jones Mohr, é que este sistema permite ao pequeno produtor ter mais animais na propriedade, uma vez que cada animal ocupa cerca de 12m² cada e a lavoura fica livre para produzir pastagens.

“A dieta basicamente é à base de feno, com 5 a 6 kg por animal, 30 kg de silagem e mais 8 kg de ração por dia, dependendo da produção. Os animais são divididos por lotes, conforme a produção leiteira, o que possibilita uma dieta controlada por animal”, destaca Jones.

A propriedade visitada tem um barracão, atualmente, com capacidade para 280 animais, mas já planeja ampliar para 500. No pico de produção, a estimativa é de 20 mil litros/dia. “Esse leite vai ser industrializado na propriedade, onde será produzido um tipo de queijo especial para importação”, afirma Jacinto.

O que mais chamou a atenção da comitiva foi a média de produção por animal. Enquanto no sistema de piqueteamento as vacas produziam em média 18 litros/dia por animal, no sistema Compost Barn a média subiu para 31 litros/dia por animal, o que representa um aumento de 42% na produção.

“Isso acontece porque o animal fica menos suscetível a estresses calóricos, não precisa andar sobre pedras e não tem o desgaste pela qualidade do pasto que às vezes não é tão bom, então, tudo isso acaba influenciando. No Compost Barn, pode-se controlar a temperatura por meio de ventiladores e oferecer uma alimentação balanceada”, argumenta o Secretário Jacinto.

Em São Miguel do Oeste, o sistema visitado o Free Stall, um sistema que se diferencia do anterior pelo fato de, no lugar da cama de serragem, os animais ficam num piso de concreto. “Os animais têm uma área de descanso, só que com um espaço menor. O que se nota é que no Free Stall as vacas ficam mais estressadas do que no Compost Barn”, acredita Jacinto.

“Na nossa opinião, o Compost Barn se aplica melhor em pequenas propriedades, também porque ele tem um custo bem menor para instalação, já que não precisa se fazer piso. Também, a vaca tem mais conforto no Compost Barn, um sistema que até o momento não se tem notícias quanto à problemas de doenças, já que a cama de serragem, com a fermentação, atinge 60 graus, matando os agentes patógenos”, destaca o técnico Jones.

Outro ponto interessante aferido no Compost Barn foi a influência em instalar o confinamento num local mais alto da propriedade, com uma boa ventilação. “Segundo um estudo realizado, a cada 100 metros de altitude, se aumenta 1 litro de leite por animal”, completa Jones.

Para o Secretário de Agricultura, o Compost Barn é uma tendência para a produção leiteira, principalmente nas pequenas propriedades, pois demanda menos mão de obra. “O produtor faz a lavoura, colhe a silagem e depois só vai precisar levar a mesma até o galpão. Vai precisar mais de máquinas, mas para isso, as linhas de financiamento, como no Mais Alimentos, possibilitam a aquisição com juros baixos e bastante tempo para pagar. Muitos agricultores já tem uma estrutura boa, então o que precisa é algum implemento. Como as linhas de crédito são abundantes, todas as propriedades podem se equipar”, conclui Jacinto.